Twitter vira ferramenta dos manifestantes na Venezuela
Mariana Timóteo da Costa - Enviada especial
CARACAS - "Contra Esteban: marcha em CCS." "Tas ponchado a CH, o popstar." É com esses códigos que se comunicam os usuários do Twitter na Venezuela para protestar contra Hugo Chávez. Explicando: Esteban, na gíria local, é algo como "Zé Mané" no Brasil. E é assim que o presidente é chamado desde a publicação, na semana passada, de uma história em quadrinhos satirizando-o como Esteban no jornal "Tal Cual". CCS é a abreviatura de Caracas e CH ou popstar são usados para se referir a Chávez. "Tas ponchado" - a frase mais dita pela oposição estudantil que vai às ruas da Venezuela - se refere a um jogador perdendo a chance de marcar numa partida de beisebol, o esporte mais popular do país.
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A exemplo do que houve em Teerã após as eleições iranianas, o Twitter virou a ferramenta mais importante de mobilização política do país. O estudante de comunicação da Universidade Católica de Caracas Gabriel Bastidas, de 19 anos, é um dos mais ativos contribuintes: twitta, retwitta e avisa a todos sobre reuniões e atos de protesto.
- Amanhã (nesta quarta-feira), por exemplo, às 8h (10h30m de Brasília) nos reuniremos na Católica para sair pelas ruas de Caracas. Não divulgamos o trajeto para evitar que as forças de repressão nos achem e prejudiquem o movimento - conta ele, que até quarta-feira tinha 3 mil seguidores no Twitter. - É nossa válvula de escape, podemos falar sobre qualquer coisa lá, mandar fotos quando nossas manifestações são reprimidas, e, principalmente, falar mal do Chávez - emenda.
A estimativa é que haja 90 mil estudantes twitteiros na Venezuela. O fenômeno é causado pelo grande número de usuários de smart phones no país, segundo o especialista em redes sociais Luís Carlos Díaz, do centro Gumilla de Novas Tecnologias:
- A Venezuela tem o maior número de usuários de Blackberry per capita na América Latina. Há pelo menos um milhão de aparelhos numa população de 28 milhões, o que dá mobilidade no acesso à internet. Duas das três empresas de telefonia celular ainda não foram nacionalizadas, aumentando a competividade. Os serviços de Blackberry são bons - afirma.
Nas ruas e no metrô de Caracas, é grande a quantidade de jovens com o aparelho nas mãos. Na terça-feira, os twitteiros venezuelanos mostraram seu poder: o Sindicato Nacional dos Jornalistas sugeriu aos usuários da ferramenta usar a frase "Venezuela: zona de desastre para o exercício da liberdade de expressão, #FreeVenezuela" em suas páginas. A ação conquistou o terceiro lugar no termômetro mundial de popularidade do site. (M.T.C.)
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
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